A primeira vez que eu ouvi Racionais
MC’s eu tinha apenas 9 anos de idade. Claro, eu já havia ouvido falar e, quem
mora na quebrada sabe, - quebrada que é quebrada, sempre vai ter aquele mano
com um Gol quadrado anos 90, com um som no ‘’talo’’ tocando ‘’Nego Drama’’.
Lembro-me que, em algum mês do ano de
1997, eu e meu pai entramos em uma das lojas dos hipermercados Extra e, como
de costume, eu ficava ali, no departamento de cd’s que, na época, bombava de
gente por ter amostras de cd’s e, fones de ouvidos, para que os mesmos fossem apreciados
antes de serem comprados.
Naquele dia, eu parei em frente a um
cd de capa preta, com uma cruz em destaque e as letras em vermelho que diziam: “Racionais
MC’s – Sobrevivendo no inferno”.
Enquanto meu pai rodava o mercado fazendo a compra do mês, eu ouvi todo
o cd. Quando seu José retornou, eu me virei para ele e disse: posso levar esse?
Ele me olhou e disse: poder você
pode, mas, tem certeza que quer esse?
E foi com essa certeza e com o peito
aberto para muitas emoções que eu parti no último sábado para o show da turnê de
25 anos do grupo no Citibank Hall em São Paulo. Na verdade, eu nunca vi em
nenhum outro show, um Citibank tão do povo, tão da periferia. Naquela mistura, inevitável
e saudável, com o pessoal do lado mais favorito de São Paulo, o gueto
prevalecia.
Um show que uniu branco, preto,
pobre, rico. Um show memorável. Com senhores, senhoras, jovens, cantando em uma
só voz. Pais, filhos, irmãos, casais. Vi também, ali, em frente ao palco, um
Mano Brown emocionado e com os olhos brilhando. Vi um KL Jay arrasando nas pick-ups.
Vi Ice Blue com uma postura forte e representativa, exatamente como há 17 anos
atrás no álbum ‘’Sobrevivendo no Inferno’’. Vi Edi Rock mostrando que é,
realmente, a voz forte da Norte.
Racionais é a política do preto, dos
menos favorecidos. E cada verso, cada estrofe, de ‘’Negro Drama’’, ‘’Diário de
um detento’’, ‘’Qual mentira vou acreditar?’’, o público mostrava à Pedro
Paulo, Paulo Eduardo, Edivaldo e Kleber que eles não vieram ao mundo à toa.
Racionais é a voz que o menino da periferia quer soltar. Racionais é, de
verdade, utilidade pública. É a voz do pedreiro, do professor, da costureira,
da dona de casa, do motorista e, de todos aqueles que não abandonam os seus
ideais.
E, desde que Brown aos 27 anos
contrariava as estatísticas que essa voz se torna ainda mais forte. E tem mais,
não vai adiantar eu ficar aqui explicando porque Racionais é simplesmente Racionais.
É a primeira edição de um livro de 25 anos de história. É o ‘’livro de receitas’’
para a nova geração do Rap. É uma relíquia que junta Martin Luther King, 2Pac,
Bob Marley e tantos outros líderes em 4 pares de mãos, em quatro cérebros e, em
letras que vão sabotar seu raciocínio e, abalar o seu sistema nervoso e
sanguíneo.
Como dizem Por ai relembrar é viver, mesmo não sendo fã de hip hop, esses caras marcaram uma parte da minha vida.
ResponderExcluirQuando falam de Racionais, a primeira coisa que me lembro são dos tempos de escola, pois o que mais rolava la era Racionais, era na hora do intervalo, os amigos cantando, impossível não se lembrar disso.
No final do ano de 98 na escola rolou um amigo secreto, e eu havia tirado um amigo que curtia muito Rap, e como o que mais rolava na escola era racionais, pensei vou comprar um Cd pra ele. blz fui e comprei.. Racionais Mcs Sobrevivendo no Inferno.
No dia de entregar os presentes, deu o maior rolo teve gente que faltou, outros nem compraram nada, no final das contas não rolou nada, e eu acabei ficando com Cd do Racionais, olha só um cara que curtia somente Rock, com um Cd Rap em casa... blz vamos ouvir, ouvi todas as faixas, foi legal a experiencia e depois de um tempo vendi o Cd para um amigo.
Querendo ou não essas caras marcaram a vida de muitas pessoas até mesmo de quem não os curti, essas caras merecem todo respeito, pois são 25 anos, uma vida se dedicado ao Rap nacional e fazendo história.
Show de Bola Yara Parabéns matéria bacana!