Ao mestre com carinho

A malandragem da periferia num bloco de anotações




Eu não sei quantas quebradas você já conheceu na vida, mas, o fato é que isso, para o rabisco de hoje, pouco importa. Afinal, o cara que estará por essas linhas, te fez ler muita coisa das periferias de São Paulo, mesmo que você nunca tenha pisado em uma quebrada.


Considerado um dos maiores representantes da cultura periférica nos dias atuais, o mestre de hoje não é da música. O mestre de hoje não faz som em nenhum grupo de rap famoso, nem manda rimas no Metrô Santa Cruz. Pelo contrário. O mestre de hoje é uma figura oculta entre gravador, caneta e bloco de anotações. 
É sagaz, é inteligente, é preto. Sim, é preto (e não me venham com essa regra de negro, porque preto que é preto, bate no peito com orgulho). É preto porque não tem medo que a sociedade o julgue. 

É preto porque ‘’ama a sua raça e luta pela cor’’. Mas porque ele está neste humilde blog se não é músico? Porque ele faz justamente o que os acomodados não fazem: ele não se cala perante as injustiças. E eu tenho certeza – grande parte das coisas que você já viu sobre periferia veio das ideias desse cara.

‘’Na pegada da periferia’’, eu tenho o prazer de falar sobre Juca Guimarães. Jornalista desde 1999, Juca tem sempre uma ideia malandra pra trocar. Seja ela sobre o hip hop ou qualquer segmento da música negra e, até mesmo sobre racismo e violência policial. É gênio, é comunicador, é poeta, é pai, é marido. Juca é tudo isso sem esquecer as origens. As mesmas origens que deram forças para que ele se formasse na Casper Líbero, uma das melhores faculdades de comunicação do país.

Juca é nosso Joe Davidson tupiniquim. É tudo aquilo (ou mais) que o americano faz no Washington Post. E que honra para Davidson ser comparado com a figura de Juca. Juca é música, futebol, samba, periferia e jornalismo sério em uma pessoa só. Juca é Buzo, é Criolo, é Racionais MC’s, é Flora, é Karol, é Ivanovici.

Mas, Juca é, acima de tudo, João, José, Maria, Francisco, André, Rafael. Juca é todo rosto e luta da periferia com a sutileza e o dom da escrita. E enquanto você lê esse texto, ele deve estar por ai, em algum canto, chacoalhando a cabeleira made in África e, bolando uma nova reportagem!

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