POR: YARA MORAIS
Com maior população negra fora da África, a comunidade negra no Brasil é sujeita à preconceitos e violência policial todos os dias
Com maior população negra fora da África, a comunidade negra no Brasil é sujeita à preconceitos e violência policial todos os dias
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Fotos: Divulgação |
Liberdade
Substantivo feminino
1. Grau de independência legítimo que
um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal.
2. p.ext. Conjunto de direitos
reconhecidos ao indivíduo, isoladamente ou em grupo, em face da autoridade
política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade
dentro dos limites que lhe faculta a lei.
Sinceramente, não sei nem por onde
começar. Sim amigos, inimigos e leitores, a situação está feia e não há para
onde fugir, nem mesmo para o exterior, já que a produção de passaportes é uma
piada em terras tupiniquins. Mas, a história do passaporte fica para outro
momento.
Outro dia liguei a TV no noticiário e
todos os dias é a mesma coisa: ‘’Zezé Di Camargo compra mansão nos Estados Unidos.
Anitta lança novo clipe’’.
Isso tudo para maquiar a votação que
pode tirar o Temer GOLPISTA do poder (assim mesmo, em caixa alta, porque ele é
sim, um golpista). Na internet, outro assunto repercute: a prisão de Rafael
Braga. Não o conhece? Vou resumir.
Rafael, de 25 anos e ex-catador de
latas, foi preso nas manifestações de junho de 2013 por portar um frasco de
água sanitária e um desinfetante Pinho Sol. Em dezembro de 2016, o jovem foi
transferido para o regime aberto. Era um dia normal, ele caminhava pelas ruas
do bairro com sua tornozeleira eletrônica à mostra e então, foi abordado por
policiais militares, que ‘’encontraram’’ com ele, 0,6 gramas de maconha, 9
gramas de cocaína e um rojão.
O meio da história e a agressão que
sofreu por policiais, eu não preciso nem contar. Imagine a cena em seu cérebro
pensante: jovem, negro, com tornozeleira eletrônica...
Preso novamente, a história de
Rafael, ficou ainda mais absurda – condenado pelo juiz Ricardo Coronha Pinheiro
por crimes de tráfico de drogas, com pena de 11 anos e três meses de reclusão e
pagamento de R$ 1.687. O juiz ainda o acusou de ser contratado pelo Comando
Vermelho para vender entorpecentes.
Mas, como nem mesmo a Nasa é capaz de
decifrar os brasileiros, essa semana, outra história veio à tona: a de Breno
Fernando Solo Borges, de 37 anos. Preso por tráfico de drogas e de armas, Breno
ficou menos de 3 meses na Penitenciária de Três Lagoas-MG. E se você adivinhar
o desfecho da história dele, ganha um chocolate (mentira, não ganha não).
Branco e filho da desembargadora
Tânia Garcia, presidente do Tribunal Regional Eleitoral e integrante do
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Breno, que foi preso com 130kg de
maconha centenas de munições de fuzil e uma pistola nove milímetros, trocou o
presídio por uma clínica psiquiátrica.
E qual a diferença entre Rafael Braga
e Breno Borges? Rafael Braga é negro e pobre. E por ser negro e pobre, ele é
considerado sim traficante. Ora bolas, vocês acham mesmo que um país que não
aceita ter um presidente do sexo feminino, vai aceitar ver um negro com um
produto de limpeza na mão e, indo na padaria assim, livre, leve e solto? Claro
que não né, ‘’amiguinhos’’! É negro, ‘’está’’ com 0,6 gramas de maconha no
bolso, é traficante. Não importa que ele tenha bons antecedentes, boa índole e,
não seja dono da porra da maconha que os policiais colocaram no bolso dele. Ele
é traficante.
O Breno? Tadinho. O ‘’pobre’’ menino
rico e branco, teve oportunidades na vida. Talvez morasse em um condomínio de
luxo e tenha sido influenciado por colegas negros (porque negros são
traficantes – Aécio é negro? Deixa o Aécio pra lá, Yara!), cotistas e
traficantes a fumar 130kg de maconha. Coitado. Romperam com o psicológico do
menino. Mandem-no à uma clínica. Talvez
Freud possa explicar.
Aí está a diferença e não podemos
fechar os olhos: o Brasil é um país racista. Somos todos negros (sim, você não
está lendo errado – TODOS) e, somos racistas. Que atire R$2 golpinhos quem
nunca desviou de um negro em situação de rua, enquanto caminhava pelo centro de
São Paulo, achando que fosse ser assaltado. Atire mais R$5 golpinhos quem nunca
pensou que o negro é sempre o empregado e nunca o dono de uma empresa.
E no meio dessa bagunça toda, temos
um governo ilegítimo, formado por ministros ilegítimos e adivinhem? Brancos. Todos
brancos (para representar bem a face de um país racista e machista). Está tudo
errado. O policial militar negro ataca um jovem negro, acusando-o de todos os
crimes da face da Terra. O crime? ‘’Perdeu neguinho’’. O juiz acusa o rapaz de
fazer parte do Comando Vermelho. Motivo? “Que merda, você é negro meu jovem”.
No meio disso tudo, ainda tem gente
contra as cotas. Ainda tem gente que acha que faz parte da ‘’pura raça
ariana’’, mesmo sabendo que mais da metade da população do país é negra. Ainda
tem gente que acha que o negro é privilegiado nesse ‘’país tropical abençoado
por Deus e bonito por natureza’’! Para esse pensamento, eu vou fazer um
trocadilho: o negro ‘’é descartável no Brasil, como modess usado ou Bombril’’.
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